Um "vôo" pela obra ainda inédita do genial músico mineiro Marco Antônio Araújo, falecido em 1986.
Será na Fundação de Educação Artística, às 21 horas, nos dias 26 e 27 de maio de 2011. As composições escritas para trio, quarteto e orquestra de câmera serão executadas no violão clássico — instrumento de composição do autor —, por Alexandre Araújo, músico, compositor, instrumentista, parceiro e irmão do compositor.
O concerto apresenta, pela primeira vez, obras inéditas de Marco Antônio Araújo. A finalidade é resgatar a memória da música mineira e promover o reconhecimento da importância de um dos mais talentosos músicos mineiros. Marco Antônio Araújo, que com certeza, merece ter sua obra eternizada em sua forma original.
Vida e obra
Influenciado inicialmente por Beatles e Rolling Stones gravou seu primeiro compacto na gravadora Bemol em Belo Horizonte num grupo chamado Vox Populi, em 1968. Em 1970 conheceu o diretor de teatro Julien Beck da companhia americana Living Theatre. Foi para a Inglaterra onde morou por dois anos, assistindo a concertos de arte pop que a cidade de Londres oferecia - Pink Floyd, Led Zeppelin, Deep Purple, Genesis, Supertramp.
De volta ao Brasil, estudou forma musical com Esther Scliar (a quem dedicou, in memoriam, seu 3º LP). Estudou violão clássico com Léo Soares e violoncelo com Eugen Ranevisky na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
No Rio, fez trilhas para cinema, teatro e balé. Um dos trabalhos mais importantes foi a peça Rudá, dirigida por José Wilker e "Cantares", apresentada pelo Grupo Corpo. Do Rio voltou a Belo Horizonte para ingressar como violoncelista na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sendo o primeiro músico da orquestra.
Entre 1978 e 1979 apresentou os shows Fantasia e Devaneios, o grupo de músicos que o acompanhava era formado por Carlos Bosticco flauta, Hannah Goodwin violoncelo, Alexandre Araújo (seu irmão) guitarra, Gregory Olson contrabaixo, Benoir Clerk trompa e Sergio Matos na percussão.
Conciliando o trabalho de músico de orquestra com sua produção independente, - o que fez até sua morte -, começou a fazer shows com produção independente. Em "John Lennon Remember", contou com a participação da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, o corpo de baile da Fundação Clóvis Salgado e seu coral, , sob sua direção, somando 10 apresentações. Este espetáculo foi recorde e 2º lugar na preferência do público em toda a história do Palácio das Artes, em se tratando de produções mineiras.
No final de 80, Marco Antônio Araújo lançou seu 1º Lp independente Influências, fez 74 apresentações deste trabalho, divulgando a música instrumental em teatros como, o Guaíra em Curitiba, o IBAM, no Rio.
Influências recebeu elogios da crítica: "... Em apenas seis faixas instrumentais, Marco Antônio destila com grande habilidade suas aventuras pelo rock, modinhas mineiras, música clássica e até pela música renascentista inglesa. Na explosiva mistura, atinge estilo próprio e bem-acabado." (Okky de Souza, VEJA).
Marco Antônio, na época, dividia seu tempo com sua empresa que cuidava de seus direitos, de seus shows, da distribuição dos discos e da divulgação, a Strawberry Fields Produções, passando pela família e dedicando as manhãs à Sinfônica de Minas Gerais.
Um cisne na noite
Em novembro de 1982 lança seu 2º Lp independente: Quando a sorte te solta um cisne na noite. Reconhecido novamente pela crítica, Marco Antônio se dizia satisfeito com a receptividade do público e da crítica especializada. Mas ele acreditava que seu trabalho merecia mais: "Estou investindo tudo aqui em Minas. Agora preciso ir a São Paulo e Rio. Não posso ficar parado por aqui. É preciso mostrar o meu trabalho para o Brasil".
Com os dois primeiros discos, Marco Antônio recebeu elogios de críticos por todo o Brasil.
"...Dominando com elegância e maestria o violão ovation e ordenando os arranjos, tanto em "Influências" quanto em "Quando a sorte te solta um cisne na noite", somos surpreendidos pela competência musical sobriamente inspirada, doce e criativa, fluindo sem afetações ou experimentalismos desnecessários e já exaustivamente percorridos". (Edenilton Lampião, da Revista Planeta).
"... Marco não esconde suas fissuras roqueiras, apesar de condimentar seu rock com elementos da fase áurea do barroco mineiro e da melhor tradição sinfônica, e é sincero ao creditar suas influências e homenagens." (Paulo Klein, da Revista Som Três).
"... Mas Marco Antônio Araújo não é só rock, sua música tem também elementos de outras fontes: da vertente mineira da MPB, da música erudita de câmara e até, em doses menores, das músicas nordestina e oriental. E a qualidade maior do trabalho esta justamente na organização dessas informações. Marco Antônio tem um brilhante talento de compositor, e com dados conhecidos, cria peças originais, coerentes, elaboradas com rigor e alto nível de acabamento." (Matias José Ribeiro, Revista Pipoca Moderna).
Entre um silêncio e outro, e Lucas
O seu 3º LP independente, Entre um silêncio e outro, foi gravado com Jaques Morelambaum, Paulo Guimarães e Márcio Mallard, juntos, formaram um grupo de câmara, numa produção requintada com participação do artista plástico Carlos Scliar na capa do disco.
Em 1984 lança a coletânea "Animal Racional" e em 1985, lança "Lucas", nome de seu primeiro filho, com o grupo Mantra (Alexandre Araújo, Eduardo Delgado, Ivan Corrêa, Max Magalhães, Mário Castelo e Antônio Viola).
No início de 1986, antes de receber o prêmio de melhor instrumentista do ano concedido pela revista Veja, nos deixa no dia 6 de janeiro. Uma grande perda para a música brasileira.
Alexandre Araújo
O encontro com as obras inéditas deixadas por Marco Antônio é a concretização do desejo de seu irmão Alexandre Araújo, que tornou-se parceiro do irmão em todos os seus trabalhos, o acompanhando no grupo Mantra, como guitarrista.
Alexandre Araújo iniciou o trabalho de estudo das obras inéditas em março de 2004. Passou a dedicar-se ao violão clássico, ao estudo das partituras inéditas compostas pelo irmão entre 1973 e 1979. A idéia é que no futuro esta obra seja eternizada em sua forma original.
Concerto Inédito
O concerto apresenta obras inéditas de Marco Antônio Araújo. As composições escritas para trio, quarteto e orquestra de câmara serão executadas no violão solo — instrumento de composição do autor —, interpretadas com violão clássico por Alexandre Araújo, músico, compositor, instrumentista, parceiro e irmão do compositor.
A finalidade é resgatar a memória da música mineira e promover o reconhecimento da importância da musicalidade e das influências de Marco Antônio Araújo para a música mineira e brasileira.
Músicas Inéditas de Marco Antônio Araújo
Interprete: Alexandre Araújo - Violão
Data: 26 e 27 de maio
Horário: 21 horas
Local: Fundação de Educação Artística
Rua Gonçalves Dias, 320 - Funcionários - Belo Horizonte - MG
Informações:
Taís Ferreira (31) 98063249
Postado por tais.assessoria.imprensa às 18:17